TROCAR o BTT por ESTRADA!

Pedaleiro,

O ciclismo surgiu na minha vida aliado ao prazer de andar no meio da natureza. Desde miúdo adorava caminhar com os meus pais por trilhos semelhantes aos que eu percorro hoje em dia de bicicleta e isso faz-me recordar. No entanto, à medida que eu progredi no MTB ficou sempre a curiosidade. O que faz tantos ciclistas preferirem o ciclismo de estrada?! Com as notícias e vídeos que correm na Internet de ciclistas atropelados era difícil de perceber e a verdade é que, por isso, nunca tive curiosidade. Mas não podemos opinar sem, pelo menos, experimentar. A BIKEZONE Penafiel/Lousada deu-me essa oportunidade.

AS "FININHAS"

Para realizar esta experiência foram-me cedidas duas bicicletas do universo da estrada completamente distintas. Sim porque eu tinha que levar o CUNHADO, que também nunca tinha feito estrada numa "fininha" e também porque não é aconselhável fazer ciclismo sozinho. Sendo assim, um dos modelos dentro da realidade "estradista" foi a GIANT TCR Advanced Disc 2 Pro Compact de 2021, uma bicicleta com quadro em carbono a pesar 8kg.
 
GIANT TCR Advanced Disc Pro 2 Compact

O outro modelo foi uma CANNONDALE Synapse Neo 2, uma e-bike dentro da gama chamada de e-road e que, com um  motor BOSCH Active Line Plus com 250w e uma bateria de 500wh, vos garante uma autonomia de até 240km!

CANNONDALE Synapse Neo 2

O TRAJETO

Para que esta experiência fosse o mais agradável que conseguíssemos, optámos por um trajeto que fosse o mais "livre" de carros possível sendo as margens do Rio Douro uma excelente alternativa também em termos de beleza paisagística. Ingredientes principais que todo o praticante de qualquer vertente de ciclismo gosta e nunca vai deixar de prescindir. Só assim faz sentido. Pelo menos para mim.

SENSAÇÕES

Tinha algum receio de como seria passar de uma bicicleta mais encorpada, de roda "grossa", para uma "fininha" e que impacto teria na sua condução e estabilidade na estrada. O desconforto durante a pedalada sabia de antemão que seria uma certeza, sobretudo quando entras numa estrada de paralelo. Tinha a certeza também que era um bicicleta que rolava muito melhor em asfalto permitindo velocidades médias mais altas mas não contava com a sua grande estabilidade, sobretudo em curva. Estas bicicletas puxam a velocidade!
 
 
Apesar desta sensação de segurança das "fininhas" nunca consegui esquecer a sensação de insegurança que é dividir uma via de circulação com veículos de quatro rodas onde a atenção deve ser constante. Até mesmo em situações de relaxe. A sensação é que tudo pode acontecer, uma coisa que não sinto no MTB quando circulamos no monte e a responsabilidade está toda do nosso lado.


A confirmação deste desconforto, infelizmente, surgiu numa volta noturna que consegui dar com a CANNONDALE Synapse Neo 2, onde por duas ou três vezes tive que me defender de veículos de quatro rodas. A verdade é que em todas essas situações senti-me invisível, apesar de devidamente sinalizado. Quase a terminar, um deles, inclusive, mandou-me ao chão ao ultrapassar-me e logo de seguida, sem sinalizar  a sua intenção, virou à direita. Felizmente consegui minimizar o embate e os danos em mim e na bicicleta porque o seu poder de travagem também não é o mesmo. Agradeço ao peão que se ofereceu como testemunha. Ainda há pessoas que se preocupam com os outros!

E-ROAD

Uma realidade que temos que aceitar é que as bicicletas elétricas vieram para ficar, pelo menos enquanto houver energia para as alimentar e a procura por este tipo de tecnologia aplicado no universo das bicicletas ainda se manter lá em cima. Mas na verdade, ao contrário do que considero ser uma grande vantagem numa bicicleta MTB, numa bicicleta de estrada não acho que essa vantagem se evidencie muito. Ajuda sem dúvida a manter uma velocidade constante nas subidas, mas só até atingires os 25km/h, porque a partir daí sentes nas pernas, da pior maneira possível, o peso de uma bicicleta de estrada com 18kg.


CONCLUSÕES...

Apesar da experiência ter sido muito positiva continuo a preferir o ambiente que envolve o MTB e a sensação de liberdade que proporciona. Isto tudo porque a insegurança que sinto ao dividir uma via com veículos de quatro rodas se manteve. Mas não descarto um dia ter uma bicicleta de estrada para as minhas voltas semanais citadinas, onde poderei fazer mais em menos tempo devido à intensidade constante proporcionada que senti. Seria um excelente complemento para a minha preparação física.

 

 

Se estás a pensar comprar uma bicicleta de estrada para fazer o mesmo, compra, mas ciente que a sensação é diferente e o terreno é hostil se optares por percursos movimentados devido às mentalidades. Mas nada como experimentares e tirares as tuas próprias conclusões.

Boas pedaladas.
BM

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