Por Vezes Os ERROS No BTT Pagam-se CAROS! (Descida ao Sarrabulho 2019)

A "Descida ao Sarrabulho" é provavelmente a "prova" com mais afluência de participantes no circuito amador de BTT Português. Este ano o número de participantes estava limitada a 700 ciclistas nas variadas vertentes, mas as contas finais revelaram que no total afinal participaram 820!

Vivo especialmente a semana que antecede esta "descida" de uma forma diferente. Como um menino na noite de Natal que espera que o Pai Natal lhe entregue as prendas à meia-noite. Lembro-me que a ansiedade era a mesma e era divertido depois da eterna espera abrir as tão desejadas prendas. Existe apenas um problema, o que é bom geralmente acaba depressa e, pela terceiro ano consecutivo, terminou e temos que aguardar pela próxima edição em 2020!

Como era o primeiro ano que ia como vlogger saí de casa com o vídeo feito na cabeça. Bastava apenas concretizá-lo sabendo que não iria ser fácil. No BTT não é fácil ser vlogger. Temos que pedalar e a maior parte das vezes improvisar, mas antes tinha que realizar um tarefa ainda mais importante. Era a primeira vez que o meu filho ia à aula de natação e por isso tive que atrasar a comitiva Picus BTTeam. Ele adorou e eu saí dali de alma cheia e pronto para a aventura. Mas este ano a coisa não correu bem!


Para iniciarmos a "descida" contamos sempre com a boa receção dos Batotas com a alguma gastronomia típica de Ponte de Lima. Uma recheada sande de porco no espeto e a bela da "mini" é tudo o que necessitas para subir durante 12 quilómetros uma subida acumulada de 579 metros em asfalto. Depois de chegarmos ao "topo" é tempo de recuperar energias porque a descida que se segue também cansa. E não é pouco!

A descida para Ponte de Lima é onde a verdadeira diversão começa. Paralelamente à estrada de asfalto que acabámos de subir, percorremos os famosos trilhos no sentido descendente.  São trilhos com muitas partes técnicas que não são difíceis de ultrapassar para bicicletas de XC, mas é necessário ter algumas precauções. É preciso saberes defender-te de certas situações que te podem pôr em perigo. Afinal são 820 bicicletas a descer praticamente ao mesmo tempo e os engarrafamentos surgem naturalmente. Eu detesto engarrafamentos. Já me chegam os que apanho por vezes na VCI do Porto. De bicicleta é inconcebível!

As quedas são iminentes na Descida ao Sarrabulho, especialmente com o terreno molhado e pesado como o que encontrámos este ano. Este ano o cuidado teria que ser redobrado. Choveu durante semanas e no domingo anterior, numa volta por casa e numa descida mal medida, caio lesionando a perna direita junto à anca. Segunda e terça-feira mal conseguia andar e sentar-me no carro para conduzir era um martírio. Mas no resto da semana iniciei um plano de recuperação intensivo caseiro. Não podia falhar este ano. Este ano prometia ser um dos melhores. Recuperei e consegui fazer a subida mesmo me sentindo a 70%.

Descemos as primeiras encostas e é tempo para recuperar. Para isso contamos outra vez com a ajuda dos Batotas onde montam um mini acampamento onde no menu consta rojões e vinho tinto. Afinal de contas estamos em Ponte de Lima. Mas temos um preço a pagar. Temos que ultrapassar o primeiro obstáculo. O mais famoso. A famosa tábua sobre o fosso de água escavada de propósito para o evento. Do outro lado temos mais de 50 ciclistas com uma sande rojão na mão e um copo de vinho tinto noutra a torcer para que cometas um simples erro. A gargalhada é geral. Este ano, ao contrário dos dois anos anteriores, não consegui evitar e fui ao charco! Vingo-me na sande. Não sou grande apreciador de vinho novo.

Agora que todos estamos mais compostos, está hora de continuar porque a hora de inverno não perdoa e não queremos terminar a descida de noite. Logo à saída surge mais uma "diversão" colocada pelos Batotas. Todos os anos eles colocam um e são bastantes divertidos. A plataforma basculante é também uma das mais antigas e é aqui que a minha participação termina em 2019.

Aviso os meus companheiros que vou passar primeiro para captar imagens deles a passar a tábua basculante. Passo sem problemas. Percebi bem desde o primeiro ano que participei qual a melhor forma de a ultrapassar. Encosto a minha Scott Spark 970 numa árvore próxima e preparo-me para acumular mais algum material para o meu próximo vlog. Todos passam com mais ou menos dificuldade, mas um deles cai-me aos pés desamparado e chamamos de imediato os bombeiros que já se encontravam no local de prevenção. Verificamos que ele fica bastante maltratado e é necessário encaminhá-lo para o Hospital de Braga. Não deixo um amigo para trás. Nunca! Nesse dia foi ele amanhã poderei ser eu.

Quando as coisas correm menos bem é que paramos para pensar. E no BTT um pequeno erro pode sair-nos caro! Sejamos nós mais ou menos experientes.

Boas pedaladas.

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